Por Célio Ramos e José Rogério Jr.
“Aquele cara se acha! Faz um exercício e se olha no espelho fazendo pose.” Quem nunca ouviu alguém chamar de narcisista ou vigoréxico aquele que faz poses em frente ao espelho que atire o primeiro halter – só tenha cuidado com o espelho. Pois bem, este artigo é sobre o que chamamos de posedown – ou poses compulsórias (Fig. 01) – dando sentido ao espelho tanto para os que amam quanto para os que odeiam. Assim, entenderemos o porquê das poses com o objetivo de diferenciar suas funcionalidades da compulsividade inútil do olhar puramente estético.
Os fisiculturistas utilizam uma técnica de poses realizadas por eles cotidianamente e em competições para análise e julgamento da morfologia corporal, levando em consideração alguns pontos-chave, como a proporcionalidade e a simetria aliadas à definição e ao volume muscular. Com base nesse conceito, começamos a entender que além de tirar cravos e espinhas, o espelho pode ser uma ferramenta importante na rotina de treino, pois, ele está ali para mostrar imagens reais e projetar um reflexo futuro de como podemos melhorar ou especificar trabalhos em nossa estrutura corporal.
O Atleta Tetra Campeã brasileiro André Fabiano, em suas sequencias de poses compulsórias.
O Atleta Tetra Campeã brasileiro André Fabiano, em suas sequencias de poses compulsórias.
Segundo a Confederação Brasileira de Culturismo e Musculação (CBCM), existem sete tipos de poses compulsórias para homens dentre as quais apenas cinco são utilizadas pelas mulheres na categoria do fisiculturismo “clássico”.
Homens: Mulheres:
1. Bíceps Duplo Frontalmente;                                   1. Bíceps Duplo Frontalmente;
2. Expansão de Dorsais Frontalmente;                   2. Peitoral Lateralmente;
3. Peitoral Lateralmente;                                              3. Bíceps Duplo Posteriormente;
4. Bíceps Duplo Posteriormente;                              4. Tríceps Lateral;
5. Expansão de Dorsais Posteriormente;               5. Abdominais e Coxa.
6. Tríceps Lateral;
7. Abdominais e Coxa.
COMPREENDENDO AS POSES
Cada pose compulsória é apresentada pelos atletas no palco, na segunda rodada da competição de bodybuilding (Fig. 02), devendo ser realizada e mantida por cerca de 10 a 30 segundos, tempo no qual o músculo desenvolve tensão sem sofrer alterações no comprimento externo ou no ângulo articular. Isso caracteriza as poses compulsórias, cinesiologicamente, como contrações isométricas.
Por ter grande importância nas competições, os atletas utilizam em suas rotinas de treino oPrincípio da Isotensão, onde executam, entre as séries, as poses obrigatórias em frente ao espelho com a finalidade de aprimorá-las técnica e fisiologicamente. Então, que benefícios fisiológicos as poses isométricas podem gerar em nossa rotina de treino para outras metas além da competição?  Muitas! Dentre elas:
  • Maior acúmulo sanguíneo, que aumenta a captação de glicose no músculo, deixando-o, assim, pronto para mais ação;
  • Acúmulo de água no músculo, derivada da ressíntese de glicogênio, aumentando sua definição;
  • Maior recrutamento de unidades motoras, resultando em mais força e resistência muscular;
  • Aumento da propriocepção muscular (consciência corporal);
  • Adaptações no sistema cardiovascular;
  • Ganho de resistência vascular periférica;
  • Maior estabilidade articular.
A atleta Campeã Mundial (IFBB) Anne Freitas, em sua apresentação de poses compulsórias.
A atleta Campeã Mundial (IFBB) Anne Freitas, em sua apresentação de poses compulsórias.
Com isso, percebemos que treinar poses pode gerar adaptações aeróbicas, como o aumento da resistência muscular, e anaeróbicas, como o aumento da captação de glicose pelas células (miócitos). Por exemplo: se utilizarmos o descanso ativo em um treino anaeróbico intervalado, este se tornará mais extenso ao ponto de esgotar a fonte energética primária, passando a utilizar o sistema energético oxidativo (aeróbico). Em contrapartida, se realizarmos as poses isoladamente, terá uma maior nutrição muscular e aumento na ressíntese de glicogênio, ampliando assim o aporte energético-anaeróbico no estado de repouso.
Para que as poses compulsórias não se tornem compulsivas, aqui vão algumas dicas:
  • Definir os objetivos, pois é preciso saber o que se quer;
  • Observar as necessidades do corpo;
  • Respeitar o princípio da sobrecarga;
  • Observar a fase de treino para poder adequá-la a utilização das poses;
  • Tirar fotos para melhorar a técnica de execução e comparar os avanços;
  • Consultar sempre um profissional capacitado.

Fonte: http://www.treinototal.com.br/revista/2010/04/18/posedownposes-compulsorias-como-tirar-melhor-proveito/